Como eu faço para desacelerar?
- Camila Monteiro
- 1 de jul.
- 2 min de leitura
“E eu não vou mais descansar, até a gente se encontrar, sem pressa”

Não ter pressa: esta, sem dúvida, foi a aprendizagem que a deficiência visual me trouxe que mais amei! Já não é a primeira vez que falo aqui que pressa não combina com quem é DV. A gente paralisa, não funciona bem, e, de nada adianta alguém ficar nos acelerando, porque a coisa piora. É algo meio automático, como se um botão de “desligar” fosse acionado!!
Antes de perder a visão, eu era como 99% da população mundial: sempre correndo, lutando contra o relógio, e, escrava dele até quando eu não tinha horário pras coisas. Hoje, vejo o quanto a pressa nos faz perder a chance de viver os momentos com mais presença, mais intensidade. Ela nos traz cada vez mais ansiedade, a sensação de que nosso tempo está sempre cronometrado, de que os horários são fundamentais o tempo todo, de que a espontaneidade é para aos fracos, para quem não tem meta na vida, para quem não tem o mínimo de organização. Confesso que a rotina, pra mim, é imprescindível, me dá segurança e conforto no dia a dia, além de eu amar o fato de ter disciplina. Porém, retirar a pressa desta realidade fez muita diferença, principalmente, na hora de aproveitar os momentos., as pessoas, os lugares, as comidas, enfim, as sensações. Tudo é vivido com mais gosto, mais dedicação, mais atenção, sem desmerecer a importância do tempo, porque ele é, sim, muito importante, mas, não pode ser o centro de tudo. Não podemos viver em função dele mais do que o necessário, porque, senão, nossa qualidade de vida cai e deixamos de lado aquilo que é bom e que ele não mede, não prevê, não pode acelerar. Levar a vida com mais leveza, mais tranquilidade e paz de espírito pede menos pressa.
Deixa ela pra quando estiver atrasado pra algum compromisso, ou pra quando o relógio não estiver ao teu alcance. Para todo o resto, tira o pé do acelerador e aproveita o caminho, apreciando, de verdade, tudo o que ele oferece. Vale muito a pena o esforço, porque ele é mínimo perto da recompensa!
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