top of page

“…. Você me entorpeceu, e desapareceu, vou ficando sem ar….”

  • Foto do escritor: Camila Monteiro
    Camila Monteiro
  • 15 de mar. de 2024
  • 3 min de leitura

Homem deficiente visual de bengala se desloca sozinho na sala de uma residência
Com a bengala o DV fica mais independente. Foto: Tima Miroshnichenko/Pexels

Aceita, que dói menos , DV querido ! Independência, com baixa visão ou cegueira, vem, mas sempre acompanhada da dependência! Não tem jeito e não tem como ser diferente!🤨🤪! É fundamental esta aceitação porque, sem ela, tu vai te frustrar e talvez, até, querer interromper qualquer processo referente à busca da tua autonomia. Falo isto por experiência própria.

Quando a gente começa a fazer qualquer tipo de treinamento visando a independência e percebe que é possível “se virar” sozinho, vem uma empolgação, um orgulho e uma sensação de vitória inexplicável. E é claro que é justo se sentir assim, porque, de fato, é uma conquista árdua, tanto física quanto emocionalmente.

A questão aqui é que, mesmo que a gente consiga identificar muitas coisas e muitas pessoas usando os demais sentidos e use a bengala de maneira funcional, sempre vamos precisar de alguma ajuda, seja na orientação, para que sigamos na direção correta, na indicação do lugar para onde estamos indo, ou nas coisas bem mais simples, como para que lado sentar em cadeiras ou poltronas e para que lado entrar no carro quando vamos sair, por exemplo.

Estes casos acontecem bem frequentemente. Nos quesitos orientação e indicação é muito comum a gente achar que está indo em uma determinada direção e, no meio do caminho ou em algum momento do percurso, identificarmos algo que não condiz com o nosso objetivo. Tipo: uma coisa que acontece comigo várias vezes, em um lugar que já estou bem acostumada a frequentar. Quando vou no cinema sozinha, percorro o mesmo caminho sempre. Logo que entro pela entrada principal do shopping, dobro à esquerda. Caminho entre 8 a 10 passos e já começo a ouvir o barulho da escada rolante que sobe. Faço uma “curvinha” para subir nela e, quando chego no final, dobro à esquerda e um pouquinho depois a esquerda de novo. Isto porque tenho que passar pela escada rolante que desce.

Caminho, mais ou menos, uns 15 passos e dobro à direita, onde sigo direto no corredor que dará, no seu final, na entrada do cinema. Então, na metade deste último corredor, eu já começo a ouvir o barulho da pipoca e sentir o seu cheiro. Porém, se eu seguir este caminho e não perceber nenhuma dessas pistas, tem algo bem errado.

Como eu transpareço, de uma maneira bem óbvia, que estou em dúvida, sempre vem alguém e me pergunta se estou precisando de ajuda. Aliás, este tipo de abordagem vai acontecer direto com quem está usando a bengala: as pessoas ou te perguntam se tu precisa de alguma coisa ou já vão te puxando, presumindo que tu sempre precisa de ajuda. Fica aqui, então, a preciosa dica: sempre pergunta se uma pessoa com deficiência precisa de ajuda antes de sair puxando o ser. Não é porque a gente tem deficiência que, necessariamente, precisamos de ajuda o tempo todo, ok?😉😩🤯

Quanto à parte de sentar e/ou entrar em carros, é papel do vidente esclarecer para que lado o DV deve fazer isto, sempre colocando a mão de quem não enxerga ou na guarda da cadeira e poltrona ou na porta do carro que está aberta para que se consiga identificar as devidas direções. Caso o DV esteja sem a bengala, o que é comum quando estamos na companhia de outras pessoas, é sempre bom complementar estes esclarecimentos colocando a outra mão ou na mesa onde a cadeira está, ou na sua guarda ou assento, se ela não tiver guarda ou mesa próxima, e na extremidade superior da entrada do carro. Assim, o nosso senso de localização fica ainda maior.

Portanto, dá pra ver o quanto a deficiência visual nos força a ter essa consciência frequentemente. Quanto mais a gente aceitar o fato de que não vamos conseguir ser 100% independentes, maior vai ser a nossa leveza pra lidar com a vida e com a própria deficiência. Quando aceitamos Esta realidade, permanecemos na busca por maior autonomia sem frustrações. E, ao contrário do que muita gente possa pensar, não é fraqueza ou se contentar com pouco…. É inteligência, pois, quando nos aliamos a um problema que não tem solução, aprendemos a conviver com ele, descobrindo que é possível tocar a vida, mesmo com tantas adaptações pelo caminho. Partiu, aceitação!👍🏼👏🙏🏼💪🏼  #IndependênciaComBaixaVisão #AceitaçãoEDeficiência #VidaAutônoma #BaixaVisãoReal #AdaptaçãoEIndependência Tem novo episódio do meu Canal do Youtube da Série Desliga a TV e vai ler um livro. Confere. compartilha, curta, comente. ese inscreva no canal Tu Viu?



Comments


bottom of page