Sob pressão!😱
- Camila Monteiro
- 9 de fev. de 2024
- 4 min de leitura
Paciência: A Força Essencial para Deficientes Visuais

Neste mês, trago como tema as coisas que a falta de visão te pressiona a fazer. Já falei, aqui, sobre os pontos positivos de não enxergar, sobre como sair da situações perigosas ou constrangedoras que a deficiência visual nos faz viver, sobre como se fortalecer, internamente, diante do desafio de se tornar uma pessoa com deficiência, enfim, temas sempre relacionados à minha realidade, coisas que vivo e que tive que aprender, seja “de boa” ou “a duras penas”.
Portanto, algumas das coisas que comentei nestes posts vão se repetir, mas, às vezes, de uma maneira diferente ou com outro contexto. Dividi este tema em duas partes porque ele gera conteúdo e muita reflexão, não só pra quem é DV. Quem é vidente vai perceber que, quando ficamos muito presos ao sentido da visão, nos tornamos dependentes somente daquilo que os olhos veem. Claro que, mesmo assim, eu preferiria voltar a enxergar, e, com certeza, pelo menos a maioria das pessoas que perdeu a visão com o tempo também preferiria🤩🤨😀.
Falo isto porque, ao pensar neste assunto, me dei conta que estes textos podem servir de incentivo para quem enxerga praticar um pouco as atividades básicas do dia a dia brincando de “cabra cega”…. Calma! Não precisa pensar: “Ai Camilaaaaa!!!🙃😒! Zera este recalque! Só porque tu não enxerga mais tu tá querendo “jogar uma praga” em quem tem olho bom? Que guria desagradável!😠🤯😢”
Não, queridinhos! Sou uma fofa!😟😁! Minha intenção Com estes relatos é promover, ou contribuir com um “empurrãozinho”, a saída da zona de conforto que a visão traz, o que é excelente, porém, nos limita e nos deixa, no mínimo, perdidos e desesperados quando enfrentamos uma situação na qual não podemos usar os olhos, como por exemplo, falta de luz em casa ou em qualquer outro ambiente, exames com dilatação de pupila, conjuntivite ou irritações oculares.
Então, se desafiem, videntes queridos! E tu, DV, te orienta e “enche a boca” pra falar sobre estes fatores que, apesar de serem produto de algo ruim, nos possibilita buscar cada vez mais a nossa independência e a nossa autonomia…. Bora pra primeira lista!😌😃😆!
“…. Se Shiva me disse pra ter paciência, te chamo na ausência do sino da Crença, te assusto com a ira da minha demência….”
Paciência
Ah, a paciência! Palavrinha necessária e bem difícil de ser praticada. O principal sinônimo de deficiência visual é, sem sombra de dúvidas, a paciência. Primeiro, e mais importante de tudo, a paciência com a gente mesmo! E acredito ser exatamente este o ponto mais difícil e mais doloroso pra quem se descobre deficiente após uma boa parte da vida sem a deficiência, como foi o meu caso.
Entender que nós somos seres humanos, imperfeitos, frágeis e que, a qualquer momento, qualquer coisa pode nos acontecer, aceitar que a vida é uma caixinha de surpresas e admitir que precisamos de ajuda, que não somos os donos da verdade e não sabemos tudo, são ações que precisam fazer parte do nosso cotidiano, independentemente do que acontece na nossa vida.
Estar aberto para aquilo que o destino nos apresenta, seja bom ou ruim, estar e se sentir forte pra seguir vivendo e ter a constante consciência de que precisamos aprender contudo o que nos acontece e com todos que fazem parte da nossa vida são grandes benefícios que a paciência nos traz, realidades que nos transformam em pessoas melhores, mais leves e felizes diante da nossa caminhada.
Segundo, a paciência com as pessoas que nos rodeiam…. Esta também é difícil! Quando a gente não enxerga é preciso se expor, falar, minimamente, sobre como a ajuda fica mais fácil pra nós…. Este processo nem sempre é confortável, já que, a recusa de ajuda é vista, por algumas pessoas, como ingratidão ou falta de educação por parte do DV.
Às vezes, é o DV que se ofende quando não recebe a ajuda que esperava ou fica indignado quando a pessoa não percebeu que o DV era DV. Em qualquer um dos casos, a paciência traz a comunicação clara e objetiva. Quanto mais a gente falar, naturalmente, sobre o que queremos e como queremos a ajuda em questão, explicando, de maneira sucinta, a nossa condição, maior vai ser a harmonia entre quem não enxerga e quem enxerga. Cada parte vai entender o lado de cada um, gerando compreensão e ajuda as positivas.
Terceiro, a paciência com as aprendizagens. Quem não enxerga precisa aprender e reaprender o tempo todo. Falo das coisas mais corriqueiras, como encontrar as coisas no armário, identificar cores e características, limpar e organizar as coisas da casa, lidar com a tecnologia que é essencial pra quem tem deficiência, enfim, aceitar e encontrar novas formas de continuar fazendo aquilo que gosta e aquilo que é necessário. Para isso, a paciência é a palavra chave.
Ela vai fazer com que a gente se dê conta de que, mesmo diante das dificuldades que a deficiência visual traz, tudo é possível. Testando e “brincando” a gente descobre quais as melhores alternativas pra desempenhar uma função ou pra executar uma tarefa e como é melhor e mais seguro alcançar o resultado.
Então, deu pra ter uma ideia da importância da paciência? E deu pra perceber o quanto a deficiência visual nos força a ter paciência? A conclusão é que, forçada ou não, a paciência nos liberta, nos acalma e transforma nossa vida em algo muito melhor! Partiu paciência! 😄😙 #deficienciavisual
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